quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

(notas sobre) Fundamentos do holismo

Praticamente todas as áreas do conhecimento, desde a concepção crítica da realidade concreta ou percebida, à avaliação e ponderação de sistemas, até à formulação de modelos teóricos, por exemplo, têm subjacente a análise holística como método de síntese.
Em termos simples, o holismo significa que o todo tem um valor superior à soma das partes. E o ser superior não significa necessariamente ter mais, mas sim uma melhor relação entre as partes e, sobretudo, a configuração das partes num corpo comum.
Na verdade, o que importa é a expressão global, a silhueta, a personalidade apetrechada das emoções do conjunto (o holos dos gregos).
Outro aspecto crucial do holismo é a escala em que aborda um fenómeno, um elemento particular, ou uma paisagem, podendo em cada nível de observação seleccionar o essencial e abdicar do acessório. Ou, então, pode agrupá-lo, dar-lhe uma forma nova que realce os perfis desejados e os volumes do conjunto. E, neste caso, é um processo prévio que designo de holismo conceptual porque facilita muito (pelo menos, por agora) a fundamentação teórica.
O holismo tem um carácter extemporâneo nas múltiplas dinâmicas espacio-temporais onde é aplicado. Esta qualidade faz com que o holismo não seja hermético, mas sim flexível e sujeito aos acasos da observação e dos registos de cada instante. Ou seja, sendo consensual na forma de exprimir os elementos essenciais de um resultado, de uma imagem, de uma ideia, pode organizar a soma e a subtracção das partes, a matriz de elementos com poder explicativo, de tal forma que o resultado embora diverso seja sempre o mesmo.
Tudo pode ser alterado e disposto com aparente desordem de modo a criar a harmonia principal, sendo que esta também é alterável com a aproximação ou afastamento do campo de observação. Desse modo, os objectos, em si próprios, deixam de ter sentido, ou passam a ser pouco importantes. Já o jogo de um qualquer conjunto de peças imperfeitas pode ganhar expressividade e reforçar as relações de pertença.
Seja como for, nas artes, passar da análise holística de toda e qualquer criação para a assunção do holismo enquanto princípio conceptual de organização é algo aparentemente estranho, pois isso significa (ante)ver a obra antes da sua realização, marcando-lhe previamente os pontos fortes e os fracos. Aliás, se reflectirmos um pouco, facilmente percebemos que, neste aspecto, o realismo e o hiper-realismo já o fazem de forma precisa e matematicamente calibrada, abdicando apenas dos aspectos mais emocionais. Pelo contrário, o expressionismo exacerba as emoções, embora crie pontos de ruptura na realidade concreta que estão previamente assumidos. Do lado oposto, temos, por exemplo, o surrealismo que respira o verdadeiro mundo dos sonhos e estilhaça qualquer veleidade de geoposicionamentos; ou o cubismo que tem mais interesse em exibir o particular, por vezes de forma tão grotesca que soterra o conjunto sob sucessivas capas de aparências. Ambos se afastam, pois, do holismo conceptual, sem prejuízo de exibirem valores extraordinários na análise holística formal.
Afinal, bem vistas as coisas, o que une o holismo formal ao holismo conceptual é a expressão do todo como um valor simbólico absoluto, capaz de arrebatar a nossa atenção e interesse.
De seguida, apresento vários trabalhos do holismo conceptual, começando por mostrar como no figurativo personalizado (o retrato) a simplificação dos elementos acessórios beneficia a leitura e a componente emotiva dos personagens, enquanto o retrato mais realista (a carvão/grafite), apesar da densidade, apenas regista o que é óbvio.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Pessoas (2 Retratos do holismo e 1 realista)

José Medeiros
Acrílico s/ tela - 90cmX60cm


Mário Soares
Acrílico s/ tela - 60cmX90cm


Ana Bela
  Carvão (grafite) s/ papel - 60cmX80cm

Estaleiros

Acrílico s/ tela - 50cmX70 cm (2011)
D MM